Bem-vindo à Forja das Histórias

Aqui, entre brasas acesas e páginas que sussurram segredos, cada narrativa nasce como uma peça rara: moldada no calor da imaginação, temperada pelo tempo e polida com emoção. A Forja das Histórias é um refúgio para quem ama mundos ocultos, lendas reinventadas e personagens que parecem saltar das linhas para habitar o coração do leitor. Neste espaço, você encontrará contos originais, crônicas poéticas, reflexões sobre o ato de escrever e os bastidores de um universo literário em constante criação. A cada história, um novo portal se abre. A cada palavra, uma centelha de inspiração se acende. A forja está viva — e você é nosso convidado para atravessar o limiar.

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09 outubro 2025

O que está acontecendo?

 Reflexões sobre a perda da verdadeira arte de contar histórias

Lembro-me bem da infância. Quase todos os domingos, minha mãe me levava para visitar meus avós — muitas vezes contra a minha vontade. Eles eram pessoas simples, gente da roça, como costumávamos dizer.

Minha avó Romana não sabia ler; apenas desenhava o próprio nome com esforço e orgulho. Já meu avô João dominava as letras e gostava de contar histórias. O ponto alto daquelas visitas eram justamente esses momentos: reuníamo-nos na pequena cozinha, e eles começavam os famosos “causos” — narrativas de fantasmas que vagavam pelas estradas, criaturas estranhas avistadas nas noites de lua e, claro, as lembranças animadas dos bailes na sede da fazenda.

Havia vezes em que voltava para casa às gargalhadas, revivendo cada detalhe divertido. Outras, no entanto, passava a noite em claro, com os olhos arregalados de medo. O curioso é que, na sua simplicidade, meus avós — talvez sem sequer perceber — utilizavam os quatro pilares fundamentais que sustentam qualquer boa narrativa.

Mas, voltando à nossa realidade, uma pergunta insiste em ecoar: o que está acontecendo?

De mangás a animes, de filmes a contos e romances… o que mais se percebe hoje é a ausência de histórias bem construídas. E quando elas existem, muitas vezes falham em algum aspecto essencial. São raras as obras que verdadeiramente nos marcam.

Parece que a indústria cultural se contenta em produzir conteúdo passageiro, feito apenas para entreter — histórias que não deixam cicatriz emocional, que não despertam saudade, nem o desejo de reviver a experiência.

Você se lembra daquela obra que o tocou profundamente? Aquele livro ou filme que ficou com você, que você quis revisitar inúmeras vezes? Pois é… isso tem se tornado cada vez mais incomum.

Para agravar, há ainda um grupo que se julga dono do “toque de Midas” e se sente no direito de adulterar grandes clássicos — Tolkien, C. S. Lewis e tantos outros —, acrescentando ideias estranhas ou removendo elementos essenciais sob o pretexto de “atualizar” as histórias para torná-las contemporâneas.

Cometem, assim, um erro fundamental: boas histórias são atemporais.
Não importa a época em que foram escritas — sua mensagem, seu tema, seus questionamentos e reflexões atravessam gerações. São universais.

 

E então, fica mais uma pergunta no ar:
Até quando essas pessoas, cegas pela própria vaidade criativa, continuarão a estragar tudo o que tocam?

Ao leitor

As histórias que nos marcam não são aquelas moldadas por modismos passageiros, mas as que nascem da alma, das experiências humanas genuínas e da coragem de dizer algo verdadeiro.
Talvez seja hora de voltarmos à simplicidade dos nossos avós — onde cada palavra tinha peso, cada pausa tinha intenção e cada narrativa deixava uma marca profunda.

Deixe seu comentário abaixo e compartilhe com quem também sente falta de boas histórias.


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